terça-feira, 30 de junho de 2015

8º livro do ano de 2015: O Oceano no Fim do Caminho - Neill Gaiman

Sabe aqueles livros que você compra pela capa?

Não sei vocês, mas eu sou assim, muito visual! Vejo uma capa e me apaixono! O segundo passo é ler a sinopse do livro. Se a sinopse também for apaixonante, não sossego até adquirir o livro!

Com "O Oceano no Fim do Caminho", de Neill Gaiman, foi assim. A capa me conquistou.

A sinopse foi a outra paixão. Uma mistura de crônica, conto, fábula, fantasia, enfim. Amei! Comprei!

Conta a história de um homem e suas lembranças de infância.

Lembranças ou fantasias?

Ele lembra que era novo, e que embora muito novo (07 anos), ele conseguiu observar que coisas estranhas estavam acontecendo em sua casa e sua cidade. Lembra ainda, que no fim do caminho existe uma casa, onde três mulheres vivem só. A família Hempstock. Três gerações de mulheres que parecem ser as únicas a entender e explicar o que está acontecendo.

Não vou falar mais, mas vou colocar trecho do livro que mostra a inocência do garoto misturada à realidade/fantasia que ele está vivendo:

"Peguei a cabeça do verme, supondo que fosse a cabeça, pela pontinha, com as garras de metal, apertei e puxei.
Você já tentou, alguma vez, puxar um verme de um buraco? Tem ideia da força que eles fazem para se segurar lá dentro? Da forma como usam o corpo inteiro para se defender às paredes do furo? Puxei o verme – cor-de-rosa e cinza, raiado, como algo infectado – talvez um pouco mais de dois centímetros para fora do buraco, e então percebi que parou de sair. Dava para senti-lo dentro da minha carne se enrijecendo, impuxável. Não me assustei com aquilo. Obviamente era apenas algo que acontecia com as pessoas, igual a quando a gata da vizinha, Névoa, teve vermes. Tinha um verme no meu pé e eu estava tentando tirá-lo."
          "Ninguém realmente se parece por fora com o que é de fato por dentro. Nem você. Nem eu. As pessoas são muito mais complicadas que isso. É assim com todo mundo."

Enfim, RECOMENDO!





segunda-feira, 15 de junho de 2015

7º livro do ano de 2015: "O amo nos tempos do Cólera" - Gabriel García Márques

Não posso simplesmente dizer que é um bom livro. Tampouco posso dizer que é um ótimo livro. Na verdade, qualquer adjetivo que possa vir a usar ainda seria pouco para defini-lo.

Sempre tive curiosidade de ler livros desse autor (sempre lia trechos). Então, quando tive a oportunidade de tê-lo em minhas mãos (com toda a essência, textura e cheiro que somente um livro proporciona) confesso que adiei a leitura.

Adiei pelo simples fato que achava que suas páginas não seriam suficientes para sanar a minha vontade. Quão enganada eu estava! Achei que a leitura correria fluida e rápida. Quão enganada eu estava! A leitura é pesarosa, lenta, precisa "mastigar" e "remoer" cada palavra lida.

Não!

Não é uma leitura cansativa! Ao contrário! É prazerosa! Mas cada frase causa uma infinidade de reações a depender de quem a lê.

Eu li o livro em um momento em que estava disposta a me entregar de corpo e alma a uma história alheia a minha vida (que estava altamente atribulada), e "o bebi" como se fosse vinho!

O livro conta a história de amor de Florentino Ariza e Fermina Daza. A paixão entre os dois começa ainda na adolescência, de forma inocente, por meio de trocas de cartas e juras de amor eterno. No entanto, o romance foi proibido pelo pai de Fermina que a mandou para a casa da família, longe de Florentino, a fim de que ela esquecesse o rapaz. Ao retornar para casa depois de algum tempo e se deparar com Florentino, no meio da rua, ela sentiu que ele não era quem ela havia idealizado e pediu que ele a esquecesse.
Como estava "na idade de casar", o pai de Fermiza não mede esforços para que a filha contraísse um bom casamento. Assim, Fermina foi aos poucos convencida de se casar com o médico extremamente bem sucedido Juvenal Urbino, principalmente na época em que a Cólera levava boa parte da população à reclusão e à morte.
Com o passar dos anos, Fermina aprendeu a aceitar e a ser feliz ao lado de Juvenal enquanto ia esquecendo cada vez mais de Florentino, que persistiu em sua jura de amor e nunca teve um relacionamento sério, sempre esperando pelo seu momento de estar ao lado do amor de sua vida. Apesar de suas muitas aventuras com diversas mulheres, ele se manteve longe de qualquer compromisso por mais de 50 anos, até que a morte de Juvenal pudesse reaproximá-lo de Fermina.
 
Não vou aprofundar mais, até porque, toda e qualquer forma de tentar resumir esse livro é uma verdadeira afronta! Mas irei reproduzir algumas frases que me encantaram:

"Pois haviam vivido juntos o bastante para se darem conta de que o amor era amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas ainda mais denso quando mais perto da morte." (p.491)

“Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.” (p.134)

“Nunca teve pretensões de amar e ser amada, embora sempre nutrisse a esperança de encontrar algo que fosse como o amor, mas sem os problemas do amor.” (p.188)